Português para a FUVEST

Português para a FUVEST

A segunda fase da Fuvest terá algumas mudanças esse ano! A prova será em apenas dois dias em 2019, e não mais em três, como era até 2018. Nos dias 6 e 7 de janeiro, os vestibulandos irão prestar o exame, que será distribuída da seguinte forma:

DIA 6: português (10 questões) e redação;

DIA 7: 12 questões de duas, três ou quatro disciplinas, de acordo com a carreira escolhida.

Para algumas carreiras, há prova de Habilidades Específicas de caráter eliminatório e classificatório.

A USP está disponibilizando no vestibular Fuvest 8.362 vagas divididas por modalidades de Ampla Concorrência, Escola Pública e Escola Pública PPI (autodeclarados pretos, pardos e indígenas).

Na área de Português, os conteúdos mais frequentes são interpretação de texto e gramática, além, claro, das leituras obrigatórias. Separamos algumas questões para você se preparar com o Galileo para a segunda fase!

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO E GRAMÁTICA

(FUVEST 2016) Leia este texto.

É conhecida a raridade de diários íntimos na sociedade escravocrata do Brasil colonial e imperial, em comparação com a frequência com que surgem noutra sociedade do mesmo feitio, o velho Sul dos Estados Unidos. Gilberto Freire reparou na diferença, atribuindo✄a ao catolicismo do brasileiro e ao protestantismo do americano: aquele podia recorrer ao confessionário, mas a este só restava o refúgio do papel. Esta é também a explicação que oferece Georges Gusdorf, na base de uma comparação mais ampla dos textos autobiográficos produzidos nos países da Reforma e da Contrarreforma. Ao passo que no catolicismo o exame de consciência está tutelado na confissão pela autoridade sacerdotal, no protestantismo, ele não está submetido a interposta pessoa.

Evaldo C. de Mello, “Diários e ‘livros de assentos’”. In: Luiz Felipe de Alencastro (org.), História da vida privada no Brasil 2.

a) De acordo com o texto, em que grupo de países os diários íntimos surgiam com maior frequência e por que isso ocorria?

b) A que expressões do texto se referem, respectivamente, os termos sublinhados no trecho “ele não está submetido a interposta pessoa”?

RESOLUÇÃO

a) O texto afirma que os diários íntimos surgiram com maior frequência no Sul dos Estados Unidos do que na sociedade escravocrata do Brasil colonial e imperial. De acordo com o sociólogo Gilberto Freire, citado no trecho, isso se explica pelo fato de, no catolicismo, haver a possibilidade de confessar-se a uma “autoridade sacerdotal”, com poderes para redimir os pecadores de seus pecados e promover o alívio de consciência. No protestantismo americano, por outro lado, a ausência dessa figura – que se interpusesse entre o indivíduo e o divino – levou as pessoas a recorrer a textos autobiográficos, a fim de fazer análise das suas questões mais íntimas.

b) O termo “ele” refere-se, no texto, à expressão “exame de consciência”; já “interposta pessoa”, à “autoridade sacerdotal”.

(FUVEST 2017) A praga dos selfies

De uma coisa tenho certeza. A foto pelo celular vale apenas pelo momento. Não será feito um álbum de fotografias, como no passado, onde víamos as imagens, lembrávamos da família, de férias, de alegrias. As imagens ficarão esquecidas em um imenso arquivo. Talvez uma ou outra, mais especial, seja revivida. Todas as outras, que ideia. Só valem pelo prazer de fazer o selfie. Mostrar a alguns amigos. Mas o significado original da foto de família ou com amigos, que seria preservar o momento, está perdido. Vale pelo instante, como até grandes amores são hoje em dia. É o sorriso, o clique, e obrigado. A conquista: uma foto com alguém conhecido.

W. Carrasco, “A praga dos selfies”. Época, 26.09.2016.

a) Para que o emprego da palavra “onde”, sublinhada no texto, seja considerado correto, a que termo antecedente ela deve se referir? Justifique sua resposta.

b) Reescreva a frase “Todas as outras, que ideia.”, substituindo os dois sinais de pontuação nela empregados por outros, de tal maneira que fique mais evidente a entonação que ela tem no contexto.

RESOLUÇÃO

a) Para que o uso da palavra “onde” seja considerado correto, ela deve se referir a “um álbum de fotografias” (e não a “passado”), uma vez que “onde” é um pronome relativo adequado para fazer, no padrão culto da língua, referência a lugares.b) Todas as outras? Que ideia!

LEITURAS OBRIGATÓRIAS

(FUVEST 2015) Responda ao que se pede.

a) Qual é a relação entre o “sistema de filosofia” do “Humanitismo”, tal como figurado nas Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e as correntes de pensamento filosófico e científico presentes no contexto histórico-cultural em que essa obra foi escrita? Explique resumidamente.

b) De que maneira, em O cortiço, de Aluísio Azevedo, são encaradas as correntes de pensamento filosófico e científico de grande prestígio na época em que o romance foi escrito? Explique sucintamente.

RESOLUÇÃO

a) O século XIX foi marcado pelo avanço das correntes científicas, que influenciaram decisivamente a produção do romance realista. O Humanitismo, “sistema filosófico” idealizado por Quincas Borba, pode ser visto como uma sátira a esse naturalismo filosófico do século XIX. Duas correntes ficam mais evidenciadas nesse processo – o Positivismo, de Auguste Comte e o Evolucionismo, de Charles Darwin. Humanitismo e Positivismo aproximam-se por afirmar a busca de um desenvolvimento da sociedade. A diferença era que o Positivismo, filosofia proposta por Comte, afirmava que o progresso da sociedade seria atingido obedecendo-se a uma determinada ordem, sem que a resultante fosse a guerra ou o conflito. Quincas Borba afirmava que a guerra era uma “operação conveniente” e mostrava a superioridade do mais forte sobre o mais fraco, o que aproxima esse pensamento, embora de modo amplificado, também do Evolucionismo, pois a adaptabilidade das espécies, observada por Darwin, seria substituída por um comportamento devorador do indivíduo.

b) O cortiço, de Aluísio Azevedo, é definido pela crítica literária como um romance de tese, pois a construção das personagens, o enredo e a orientação ideológica do texto são baseadas no pensamento científico-filosófico do século XIX. Dentre as teorias cientificistas da época, a que mais se destaca no romance é o Determinismo, principalmente na influência que o meio exerce no comportamento das personagens. Observa-se a aplicação do pensamento determinista na construção da trajetória de Jerônimo, português trabalhador que, depois de passar a viver no cortiço, sofre um processo de “abrasileiramento”, que o leva à degradação moral; e também na trajetória de Pombinha, menina educada que se torna cortesã.

(FUVEST 2018) Leia o texto e responda ao que se pede.

É de crer que D. Plácida não falasse ainda quando nasceu, mas se falasse podia dizer aos autores de seus dias: – Aqui estou. Para que me chamastes? E o sacristão e a sacristã naturalmente lhe responderiam: – Chamamos-te para queimar os dedos nos tachos, os olhos na costura, comer mal, ou não comer, andar de um lado para outro, na faina, adoecendo e sarando, com o fim de tornar a adoecer e sarar outra vez, triste agora, logo desesperada, amanhã resignada, mas sempre com as mãos no tacho e os olhos na costura, até acabar um dia na lama ou no hospital; foi para isso que te chamamos, num momento de simpatia. Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.

a) Pode-se afirmar que, neste excerto, além de resumir a existência de D. Plácida, o narrador expressa uma certa concepção de trabalho? Justifique.

b) De que maneira o ritmo textual, que caracteriza a possível resposta dos sacristãos, colabora para a caracterização de D. Plácida?

RESOLUÇÃO

a) A afirmação é correta.  Brás Cubas, ao narrar a sua própria trajetória de vida, reforça a ideia de que o trabalho é algo sem sentido, exaustivo e enfadonho. Essa postura é reforçada, no último capítulo do livro, pela satisfação que demonstra por nunca ter trabalhado. A vida da personagem D. Plácida é marcada pela precariedade de condições financeiras, obrigando-a a assumir uma existência de trabalho árduo, que não lhe garantiu nenhum tipo de ascensão ou reconhecimento social. No trecho, tal visão do trabalho é associada a imagens ligadas ao rebaixamento e à deterioração de sua saúde, como “queimar os dedos nos tachos”, “comer mal, ou não comer”, “andar de um lado para outro, na faina, adoecendo e sarando” e “triste agora, logo desesperada, amanhã resignada”.  

b) A vida de D. Plácida é caracterizada pelo trabalho árduo, cotidiano e repetitivo, marcado exclusivamente pela sobrevivência e sem nenhum tipo de perspectiva de ascensão social. O ritmo do texto reforça essa concepção sobre a personagem, ao apresentar um período longo, marcado por muitas vírgulas, que denotam uma sequência de imagens ligadas à exaustão física, social e moral.

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